quinta-feira, julho 09, 2009

Nostalgia...

Do barulho da máquina de costura da minha avó materna. Das brigas dos meus avós paternos. De dormir na casa da minha prima e acordar cedo pra assistir Rá-tim-Bum (o antigo, ainda não existia o Castelo...). De quando eu fazia natação em São Paulo só porque gostava de estar dentro da água morna da piscina. De quando minha mãe me levava no trabalho dela e eu ficava brincando na máquina de escrever. De pão com mortadela de manhã com meu pai. Do Playcenter. De algodão-doce. De barulho de vinil tocando no toca-disco. De achar que Michael Jackson era de verdade o monstro de Thriller. De viagens em família. De bonecas. Dos apelidos da minha tia Marlene. De tirar todas as dúvidas de sexo com a minha madrinha. Das brigas dos irmãos. Da comida da minha mãe. De viajar duas famílias em uma Parati velha, de São Paulo até Recife. De quando se estava vivendo tudo pela primeira vez. Da descoberta. Das brincadeiras de rua. De ficar ‘de mal’ e depois de uma hora ficar ‘de bem’ como se nada tivesse acontecido. Das conversas de beira de calçada à tardinha. Do mar morno do nordeste. De tomar banho demorado ou banho de mangueira na rua sem culpa ambiental. Das matadas de aula pra fazer coisas inimagináveis. De dançar na hora do recreio. De ganhar bilhetinhos apaixonados de admiradores secretos. De esperar tocar sua música preferida na rádio só pra poder gravar na fita cassete. E depois escutar a tal música no walkman até dormir, imaginando ‘como vai ser bom quando eu estiver vivendo tudo isso’. De fazer tudo a pé ou de bicicleta. De encontrar todo mundo na praia no final de semana e voltar pra casa de uma amiga pra fofocar a tarde inteira sem ter nada pra fazer. De férias escolares. De verão em Maracaípe e de quando o pontal era tão deserto que dava até pra fazer top-less. De beijar tanto e acabar com a boca assada. De festival de inverno em Garanhuns. De tomar uma caipifruta com leite condensado e já ficar alta. De vestir biquíni e me achar ‘magra demais’. De ver suas amigas todos os dias e ainda passar mais duas horas com elas no telefone quando chega em casa. De comer caranguejo. De cantar quando meu primo toca. De trabalhar e sentir que seu trabalho ajudou muitas pessoas naquele dia. De flerte. De comecinho de namoro. De cheiro de bebê dentro de casa. De sair sem rumo e poder ir pedindo carona até chegar no seu destino. De segunda-feira na escola pós-excursão. De dormir ouvindo a amiga falar. De antigos carnavais de Olinda. De não ter olheira nem dor de cabeça. De flexibilidade. De se descobrir bela. De ler pela primeira vez o livro que mudou sua forma de enxergar o mundo. De encontrar um talento. De café e cigarro. De ensaios exaustivos com as meninas de Natal. De ambiente de redação. De palco. De não ter que me preocupar com (falta de) dinheiro. Do dia de meu casamento. Dos lugares que morei e pessoas que se tornaram inesquecíveis. De quando eu e Gabriel dormíamos n’uma cama de solteiro e acordávamos às duas da tarde. De quando a gente sentiu pela primeira vez que iríamos dividir uma vida juntos. Do dia que voltamos o namoro. De quando a gente acredita que tudo vai ser pra sempre. E de tudo. Tudo que ainda está por vir e do que esqueci de (ou não pude) contar aqui.




Se eu tivesse mais alma pra dar eu daria.

Isso pra mim é viver.

terça-feira, julho 07, 2009

Rio Intenso


Se eu pudesse definir o Rio com uma palavra, seria Intensidade.

Intenso no calor, intenso no inverno,

intenso nas chuvas, intenso nas cores, nos azuis, nos cinzas e verdes.

Nos velhos da pracinha, nas crianças do parque, nos horários de pico.

Intenso na preguiça em dia nublado,

intenso no sotaque,

intenso na alegria,

intenso nas misérias.

Intenso em tudo que se pode enxergar ou apenas sentir.

Intenso nos encontros e nas despedidas

intenso nos desencontros,

nas pessoas, e principalmente nos desconhecidos.

É intenso nos mares e no sexo.

O Rio é paixão. Afeto. Desavença.

Exagero.

Intenso nas oportunidades e ao mesmo tempo, na falta delas.

Intenso na música, na boemia.

Não tem meio termo, não tem mais ou menos.

Se você não estiver atento, o Rio te engole.

Te massacra.

Te faz sentir pequeno.

O Rio é intenso.

É muito.

É inquieto.

Intenso na desorganização

e na forma como desorganizado ele consegue se organizar.

O Rio te atrai completamente ou te repele.

O Rio te confronta.

Te questiona.

Te desafia.

Se o Rio tivesse sexo, ele seria uma mulher.

Com todas as coisas boas e ruins de a ser.

Com seus hormônios, com suas tensões,

com seus dias lindos e ensolarados,

e, não obstante, com suas guerras internas,

aquelas... que só podem ser resolvidas dentro dela mesma.

O Rio é indiscreto.

É nu.

É egocêntrico.

É preconceituoso.

O Rio é assim...

o Rio é intenso.